terça-feira, 30 de outubro de 2007

Falando de capitalismo...


Aproveitando a deixa dada pelo camarada Flávio através de um comentário ao post anterior, deixo aqui umas linhas sobre algo que devemos (principalmente aqueles que ainda não acordaram para a realidade) seriamente reflectir.

Já lá vão alguns anos em que percebi (grande perspicácia a minha dirão alguns) que o trabalho tem o papel de sustentáculo dos pilares desta nossa sociedade. É de uma importância tal, que afirmo com segurança, que caso desaparece-se, esta sociedade extinguía-se. Digo isto por acreditar que hoje em dia, cada vez mais, o trabalho representa uma forma de opressão, ao contrário da imagem dignificante que os estudiosos das sociedades lhe atribuem.

Em 'grosso modo', o trabalho não passa de mais uma manobra repressiva para com as populações. Para além da censura e da coerção, o trabalho funciona como elemento castrador da liberdade do Individuo. Já os esclavagistas afirmavam que a melhor maneira de ter os negros sobre controle era pô-los a trabalhar o maior tempo possível pois assim não tinham tempo para se organizarem e se revoltarem. Connosco passa-se o mesmo.

Em Portugal (e em outros tantos países por esse mundo fora) a vida de um trabalhador baseia-se em aritmética. Um operário trabalha oito horas por dia. Está no emprego nove horas, oito a trabalhar e uma hora para almoço, que não serve para mais nada... senão almoçar. Gasta mais duas horas, no mínimo, para se deslocar de casa para o local de trabalho e do trabalho para a sua residência. Um ser humano normal tem que dormir oito horas por dia, pelo menos, para ter todas as suas capacidades físicas e psicológicas no máximo. Somando tudo temos dezanove horas, despendidas em inúmeras coisas, alheias à nossa vontade e apenas cinco horas para fazermos algo dentre o nosso gosto e desejo. Mas o pior é que num final de um dia de trabalho, a fadiga aparece... e como tal, acabamos por nos render ao comodismo do nosso sofá e ao prazer proporcionado pela 'nossa companheira' televisão. O Homem acaba por não ter capacidade para pensar e reflectir sobre a vida que leva: primeiro por não ter tempo e por fim por não ter capacidade. O cansaço é tanto que faz com que o Individuo se resigne até perante as maiores injustiças. Apenas deseja que o 'deixem em paz', sossegado na sua vida pacata.

Mas isto é uma hidra... tem muitas cabeças.

As populações poderiam muito bem recusar esta submissão... não fosse o trabalho algo tão deletério. Porque na verdade, o trabalho acaba por ganhar contornos divinos, tal qual um deus impiedoso, que embora a crueldade e o despotismo amedronte e subjugue os Homens, faz com que seja (pareça) imprescindível para a vida dos mesmos. É aqui que o trabalho faz o seu 'serviço mais sujo': faz com que o Homem precise dele para sobreviver.

A partir da Revolução Industrial o Homem deixou de produzir consoante a necessidade. Passou a produzir para vender, para gerar dinheiro, havendo necessidade ou não de se produzir grandes quantidades de produtos. Foi também aqui que os trabalhadores começaram a perder direitos e a serem explorados. Embora tenham passado três séculos, a exploração continua por parte dos senhores do capital, de uma forma maquiavélica e inexorável. Apenas as ferramentas foram mudando.

Esta verdade é simples de se ver:
os senhores do capital exploram-nos diariamente, abusando do nosso suor, e empobrecem-nos ao pagarem baixos salários, argumentando que a razão é uma crise. Ao mesmo tempo, aliciam-nos a comprar os seus produtos, que na prática não nos servem para nada. Usam o marketing para os impingir, fazendo crer que são produtos de primeira necessidade, imprescindíveis para a nossa vida. Com pouco dinheiro que temos acabamos por nos endividar para os poder comprar. Pedimos empréstimos aos senhores do capital, sujeitos a altos juros, pagando no fim muito mais do que o valor pedido. Assim, somos obrigados a trabalhar arduamente, aceitando todas as injustiças, para que assim possamos pagar as nossas dividas. Quando este processo acaba, endividamo-nos de novo por outro bem material que nos fora 'sugerido'... E acaba por voltar tudo ao inicio. É um ciclo, que em nada saímos a ganhar, ao contrário dos senhores do capital.

Durante todo o processo compramos-lhes produtos, pedimos-lhes empréstimos, pagamos juros altíssimos, trabalhamos para eles... e ainda fazemos com que os seus produtos sejam vendidos a outros, iguais a nós.

Que dizer? Genial não é?

6 comentários:

Flávio Gonçalves disse...

E-maila sff contacto skype ou messenger:

flaviocapelo at gmail.com

Erdna O Herege disse...

Adicionado. ;)

Flávio Gonçalves disse...

Hum... este mail é só do Skype.

Erdna O Herege disse...

Do Messenger tens?

Flávio Gonçalves disse...

flagoncalves14 arroba hotmail.com

Erdna O Herege disse...

Feito! ;)